quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Igreja Reformada, Sempre Se Reformando

                No dia 31 de outubro é comemorado por evangélicos de todo o mundo o Dia da Reforma Protestante. Em 1517, o monge agostiniano Martinho Lutero pregou publicamente suas 95 teses, na porta da Catedral de Wittenberg, na Alemanha. Seu apelo era por uma mudança nas práticas da Igreja Católica, e o movimento que surgiu a partir daí ficou conhecido como a “Reforma Protestante”.

                O movimento da Reforma Protestante teve repercussões por toda a Europa, dividiu reinos, gerou protestos e causou mortes. O fato é que Lutero mudou o curso da história ao desafiar o poder do papado e do império, e possibilitou que o povo tivesse acesso à Bíblia em sua própria língua. A principal doutrina de Lutero era contra a venda de “indulgências” pelos líderes religiosos, que prometiam o perdão dos pecados para aqueles que as comprassem. Ele enfatizava que a salvação é pela graça, não por obras, sendo a justificação do pecador diante de Deus não um esforço pessoal, mas sim um presente dado àqueles que acreditam na obra de Cristo na cruz.

                O tema deste artigo, “Igreja Reformada, Sempre Se Reformando” foi um dos lemas da Reforma. Contudo, ele não significa que a igreja deve estar sempre mudando em todos os aspectos, mas que ela deve estar sempre se “reformando”, no sentido de sempre se voltar para as Escrituras. Quem deve estar sempre reformando a igreja é o Espírito Santo através das Sagradas Escrituras. É claro que a igreja precisa fazer uma leitura do contexto no qual está inserida em diferentes épocas, mas toda e qualquer mudança deve ser guiada pela e somente pela verdade das Escrituras que nunca mudam.

                Nós, como igreja de origem e tradição reformadas, afirmemos, em comemoração ao Dia da Reforma Protestante, que cremos nos outros lemas dela que dizem: Sola Scriptura (Somente a Escritura), Sola Fides (Somente a Fé), Solus Christus (Somente Cristo), Sola Gratia (Somente a Graça), e Soli Deo Gloria (Somente a Deus a glória).

Que o Senhor nos conserve sempre uma Igreja Reformada, isto é, bíblica!

domingo, 20 de outubro de 2013

Vendo Jesus como Tudo o que Precisamos (Por Roy e Revel Hession)

            A revelação especial que este nome nos dá é sobre a graça de Deus. “Eu sou” é uma sentença não terminada. Não tem objeto. Eu sou... o que? O que é que imaginamos quando descobrimos, se continuarmos a ler, Ele diz, “EU SOU o que quer que Meu povo necessite”. Esta sentença é deixada em branco para que nós possamos trazer nossas muitas e variadas necessidades, à medida que elas surjam, para completá-la!

            Falta-nos paz? “Eu sou a paz”, Ele diz. Falta-nos força? “Eu sou tua força”. Falta-nos vida espiritual? “Eu sou a vida”. Falta-nos sabedoria? “Eu sou a sabedoria”, e assim por diante.

            O nome “Jeová” é como um cheque em branco. Sua fé pode preencher o que Ele é para você... o que você precisa, à medida que sua necessidade surja. Além disso, não é você quem O roga por este privilégio, mas Ele quem te concede. Ele pede que você O peça. “Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi, e recebereis, para que a vossa alegria seja completa.” (João 16:24). Como as águas anseiam cobrir os lugares rasos, assim é Jeová buscando as necessidades do homem para as satisfazer. Onde há uma necessidade, lá está Deus. Onde há pesar, miséria, infelicidade, sofrimento, confusão, loucura, opressão, lá está o EU SOU, anelando por tornar o lamento do homem em alegria... Entretanto, não é o faminto buscando pão, mas o Pão buscando o faminto; não é o infeliz buscando alegria, mas a Alegria buscando o infeliz; não é o vazio buscando plenitude, mas a Plenitude buscando o vazio. E não é um mero suprir de nossas necessidades, mas Ele mesmo se torna o suprimento de nossas necessidades. Ele é sempre o “Eu sou o que Meu povo precisa”.

            Que graça e surpresa nos traz! Por que Ele age assim? Que direitos temos Nele por isso? Mesmo antes da queda, o homem não tinha nenhum direito a reclamar a Deus. Muito menos o homem que caiu e se rebelou contra Ele, cujas necessidades e misérias são o resultado de seu próprio pecado! Mas, isto é graça, isto é Deus. A graça sendo o que é, é sempre atraída pela necessidade. E não há explicação posterior da parte de Deus. Esta é a maneira Dele se revelar a Si mesmo. É por isso que uma mera compreensão acadêmica das coisas de Deus nunca é a maneira de vê-Lo e conhecê-Lo.

            Agora, podemos dizer não apenas que onde há necessidade há Deus, mas onde há pecado, lá está Jesus... e isto é algo muito mais maravilhoso. Está no Seu ser o que eu preciso como pecador.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O Fim da Luta (Stanley Voke)

Jesus, Teu sangue e justiça
São minha formosura, minha veste gloriosa.

A Luta por Justiça

            J. B. Phillips traduz o verso 4 de Romanos 10 dizendo, “Cristo significa o fim da luta pela justiça”, portanto à luz da versão autorizada temos: “Porque o fim da lei é Cristo para a justiça de todo aquele que crê.” Há em todos nós uma luta para ter e manter nossa própria justiça. É por isto que é tão difícil ocupar o lugar de pecador.
            Esta luta é tão antiga quanto Adão e Eva, quando surpreendidos pelo pecado no Éden. Imediatamente passaram a culpar um ao outro e finalmente a serpente. Ao mesmo tempo eles fizeram roupas de folhas de figueira para eles mesmos, como para se esconder dos olhos santos de Deus. No tempo do Novo Testamento a luta continuava, pois a religião judaica era uma tentativa de alcançar a justiça através das obras. Sobre os judeus de seu tempo, Paulo dizia que eles procuravam estabelecer a sua própria justiça ao invés de se submeterem à que vem de Deus.
            Somos todos iguais. Você já observou as crianças construindo castelos de areia na praia antes de vir uma onda? Rapidamente elas levantam os muros, amassando a areia macia até que ela endureça, e reforçam com pauzinhos e pedras. Tudo isto só para ver a onda levar. Então nós damos voltas para estabelecer nossas defesas contra as ondas de crítica dos outros. Para alguns de nós a vida se torna uma luta sem fim em busca de sermos o que já sabemos que não somos.

A Luta por Perfeição

            Uma fase desta batalha pela própria justiça é a luta para atingir um padrão de perfeição. Vimos como a medida de Deus requer um padrão perfeito, e o perigo é que a vida possa se tornar uma prolongada tentativa de alcançá-lo. Nos tornamos cristãos vivendo sob a lei ao invés da graça. Então em lugar de vivermos em paz, somos atormentados. Às vezes nós mesmos estabelecemos o padrão imaginando o tipo de cristão que deveríamos ser. Seguimos uma imagem idealista das nossas mentes. É como se nós víssemos o homem que deveríamos ser, em um pedestal, enquanto lutamos em vão, nos chamando para cima, ainda que ele não nos dê uma mão para subir até lá.
            Certamente outras pessoas estabelecem padrões para nós também. Todo mundo pode nos dizer o que deveríamos ser. Ouvimos sermões e lemos livros que falam sobre que tipo de cristãos deveríamos ser, os quais, só nos fazem sentir culpados, se somos sensíveis, ou satisfeitos, se não somos. As pessoas nos colocam em pedestais esperando isto ou aquilo de nós, até que a vida se torne uma longa luta para ser o que os outros exigem. Assim, vivemos debaixo da lei tentando manter padrões, enquanto por trás de nós está a implacável lei de Deus que nunca nos deixa em paz; nunca nos ergue.
            Você é um cristão que vive debaixo da lei? Vive sob contínua condenação porque sente que deveria ser um crente melhor que ora mais, que faz mais, que dá mais? Você está preso a um padrão moral. Você vive sob um jugo e uma carga, quando todo tempo o que Jesus quer te dar é descanso.

A Luta para Manter nossa Reputação

            Um outro aspecto desta luta por justiça é a nossa luta pela nossa reputação. Somos todos cientes da nossa reputação. Alguns de nós somos conhecidos por ser: piedosos, eficientes, líderes, pregadores, boas donas de casa, qualquer coisa. Outros gostariam de ter uma reputação. Uma vez adquirida ou assumida, ela nos persegue, nos intimida, nos esmigalha. Ser servo de reputação é pura escravidão, é apenas uma forma de lutar pela nossa própria justiça. Não desejamos ser conhecidos pelos fracassos.

A Luta pela Aparência

            A luta pela justiça consequentemente se torna a luta pela aparência, o que simplesmente significa que de alguma forma acabaremos sendo desonestos com nós mesmos. Uma vez ouvi um homem falando às crianças sobre ovos. Três deles possuíam rótulo. O primeiro estava velho e ele disse que não estava assim antes. O segundo estava meio manchado, e ele falou que não era o que ele esperava. Mas o terceiro estava podre, embora parecesse bom. Mas ele foi suficientemente honesto para dizer que não era aquilo que parecia ser.
            Não é verdade que parecemos ser aquilo que não somos, como os judeus cuja luta por justiça os levou a uma inesquecível hipocrisia? O problema com o sucesso é que nós ousamos não ser falhos, pois se queremos manter nossa reputação não podemos admitir ignorância ou pecado. Isto seria derrubar o castelo de areia antes da onda vir. É melhor lutar, até esgotar o ponto, do que admitir nossas falhas o que significaria nos verem como nós somos.
            A tragédia de tudo isto é a ideia de que alcançamos o favor de Deus se atingirmos certos padrões. Isto é precisamente onde erramos. Romanos 10:5 nos mostra que “O homem que pratica a justiça decorrente da lei, viverá por ela.” Isto é teoricamente correto, mas impossível na prática. Se pudéssemos alcançar os padrões de Deus, deveríamos ser abençoados. Mas não podemos, assim terminamos sendo amaldiçoados. A mesma lei que foi planejada para nos dar vida, se torna meio de morte, não porque haja algo errado em si mesma, mas porque nós pecadores somos incapazes de cumpri-la.

Cristo é o Fim da Luta

            Que alívio é quando vemos Cristo como o fim disto tudo. Ele é o fim da luta pela justiça, pois não apenas cumpriu a lei por nós, mas foi maldito por nós também. Ele não só atingiu nossa perfeição, mas pagou pela nossa imperfeição. Não há mais pelo que lutar, pois Ele fez tudo por nós e Deus não nos pede nada, apenas nosso arrependimento e fé.
 
Toda perfeição que Ele requer
É para sentir a sua necessidade Dele.

            Como é bonita a colocação de Joy Davidman: “A única forma de nos livrarmos do pecado, é admitindo-o, pois sem honestidade e arrependimento, o perdão e a graça de tornam impossíveis”. O crente não anda por aí sentindo culpa todo tempo. Pois o pecado é uma carga que ele pode colocar de lado, confessando, se arrependendo e sendo perdoado. Infeliz é a criatura que nega a existência do pecado, em geral e em sua vida, pois continua a carregá-lo. O caminho para a liberdade consiste na confissão honesta e no arrependimento, pois isto abre nossos corações para o Consolador. Abrir nossas almas para a graça de Deus significa não somente que Ele nos salva de sermos o que somos, mas nos transforma nas pessoas que deveríamos ser.
            Quão fácil é! A única maneira de nos livrarmos do pecado, é admitindo-o! Por que isto é tão difícil? Certamente porque significa abandonar nossa própria justiça, que é exatamente o que não gostamos de fazer. Como podemos ter o perfeito manto da justiça de Cristo se insistirmos em manter o nosso? É impossível. Jesus é a nossa perfeita justiça. Quando vamos a Ele não precisamos de outra. A luta pela justiça termina e Ele se torna nossa reputação e glória. Não precisamos temer a posição de pecadores, pois quando a ocupamos, é para cessar nossas obras, parar de tentar ser o que não somos e ao invés admitir o que somos. Neste ponto aceitamos a justiça de Cristo, somos justificados diante de Deus e gozamos paz. Esta é a benção básica de Deus, e o único caminho de paz e alegria.
 

Abandone o seu desânimo mortal
Aos pés de Jesus.
Permaneça Nele, Nele somente,
Gloriosamente completo.

 

terça-feira, 12 de junho de 2012

O amor não é tudo de que você precisa

 
A cultura celebra a busca pelo amor verdadeiro: em músicas, filmes e poemas. Criou-se, assim, uma mentalidade de que alguém só pode ser feliz se encontrar o seu “príncipe encantado” ou a sua “bela adormecida”.

O "mito do romance" é que “você não é ninguém até que alguém o ame” ou “você só é feliz se tiver alguém ao seu lado”.

O que acontece é que esse mito do romance se tornou um “ídolo” em nossa cultura, influenciando milhares de pessoas.
 
O que é um ídolo? É qualquer coisa que se tornou tão central e essencial em sua vida que, caso você a perca, achará difícil continuar vivendo. É algo que buscamos alcançar para dar significado, proteção, segurança e satisfação para as nossas vidas. É uma coisa boa que se tornou seu bem último ou principal. Um ídolo pode cegar você ou tornar você como um viciado em drogas (e viciados sempre fazem escolhas destrutivas e tolas).
Quando isso acontece é algo tão prejudicial que há pessoas que se sentem escravizadas por ele: “verdadeiras escravas do amor”. Permitem até ser exploradas, abusadas, ter seus limites apropriados violados ou excedidos, porque acham que não conseguem viver sem esse ídolo. O romance, então, se tornou o seu “senhor”.

Por que as pessoas fazem do romance um ídolo? Porque estão atrás de uma afirmação e aceitação profundas que só Deus pode dar.

Desmistificando o “mito”
Perceba o que aconteceu na história de Lia:

“Concebeu, pois, Lia e deu à luz um filho, a quem chamou Rúben, pois disse: O SENHOR atendeu à minha aflição. Por isso, agora me amará meu marido.

Concebeu outra vez, e deu à luz um filho, e disse: Soube o SENHOR que era preterida e me deu mais este; chamou-lhe, pois, Simeão.

Outra vez concebeu Lia, e deu à luz um filho, e disse: Agora, desta vez, se unirá mais a mim meu marido, porque lhe dei à luz três filhos; por isso, lhe chamou Levi.
De novo concebeu e deu à luz um filho; então, disse: Esta vez louvarei o SENHOR. E por isso lhe chamou Judá; e cessou de dar à luz. (Gênesis 29:32-35)

Cada filho que Lia tinha achava que o marido (Jacó) iria amá-la mais do que a sua irmã Raquel, porém, isso não acontecia. Lia estava "escrava" do amor do marido, e se sentia miserável, porque ele nunca a amava como ela queria. Até que quando teve o quarto filho entendeu que a razão da sua vida e o amor que ela mais precisava e buscava não era o amor do seu marido, mas o de Deus, e por isso o chama de "Judá" que significa "louvor".

Sabe o que acontece quando você coloca todas as suas esperanças de felicidade no “amor romântico”? Ele afunda... (Como Jack no filme Titanic). E se você não tirar esse peso esmagador de expectativas sufocantes dele, antes de começar um relacionamento, ou quando estiver em um relacionamento, isso poderá fazer com que você afunde a outra pessoa, afunde a você mesmo, e afunde o relacionamento como um todo.
O interessante nessa história é que o Senhor Jesus era descendente da desprezada e mal amada Lia e não da bela Raquel. Ele nasceu através da linhagem de Lia. Deus escolheu a mal amada para que Ele (Deus) a pudesse amar. Ele seria o “verdadeiro noivo” daquela que se sentia sem noivo. Ele ama os não amados, os fracos e os que ninguém quer.

Como Aplicação Faça o "N.D.A."
1) Nomeie (qual é o seu ídolo?): talvez o ídolo do romance?
2) Desmascare (o que ele tem feito a você?): talvez dito que você não é ninguém porque não tem um namorado ou namorada?
3) Alegre-se (em quem você é em Deus): você é filho/filha de Deus. Ele muito te ama e tem prazer em você.

O nosso verdadeiro amor, o verdadeiro romance, só pode ser encontrado com o verdadeiro noivo, Jesus.

Talvez você esteja buscando esse tipo de amor verdadeiro nos braços de uma outra pessoa, mas é só nos braços de Deus que você vai encontrá-lo verdadeiramente. Talvez você acha que ninguém te nota, mas eu quero te dizer que o Senhor Jesus está encantado com você, mesmo quando ninguém te nota.

Ouça Ele dizer: “Eu sou o seu verdadeiro Noivo. Há apenas um par de braços que pode dar tudo o que o seu coração verdadeiramente deseja. Volte-se para mim, porque eu te amo e estou encantado com você neste exato momento.” Eu tenho um amor que é maior do que o mundo e esse amor é seu, e esse amor sou eu.”

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A Dança de Deus

É o Cristianismo que faz mais sentido para a compreensão das nossas histórias individuais e da história do mundo. Os cristãos conseguem explicar com maior força de onde nós viemos, o que está errado conosco e como isso pode ser consertado do que qualquer outra corrente religiosa. A Bíblia pode ser resumida como um drama em quatro atos: criação, queda, redenção, e restauração.
Apenas o Cristianismo, dentre as outras crenças mundiais, ensina que Deus é trino. A doutrina da Trindade ensina que Deus é um ser que existe eternamente em três pessoas: Pai, Filho, e Espírito Santo. A Trindade significa que Deus é, em essência, relacional.
Há no relacionamento das três pessoas da Trindade um ciclo de glorificação, em que o Espírito glorifica o Filho, o Filho o Pai, e o Pai o Filho, e isso tem ocorrido por toda a eternidade.
Glorificar algo ou alguém significa louvar, desfrutar, e alegrar-se nele. Quando algo é útil para nós, somos atraídos a ele por aquilo que ele pode trazer para nós ou fazer por nós. Mas se ele é belo, então, nós o apreciamos simplesmente pelo que ele é. Apenas estar em sua presença é a sua própria recompensa. Glorificar alguém também é servir e submeter-se a ele. Ao invés de sacrificar os interesses dele para fazer você feliz, você sacrifica os seus próprios interesses para fazê-lo feliz. Porque sua alegria suprema é vê-lo alegre.
Auto-centralização ou egocentrismo é estar imóvel, estático. Na auto-centralização, nós demandamos que os outros orbitem ao nosso redor. Nós faremos coisas e daremos afeição aos outros, conquanto que isso nos ajude a alcançar nossos próprios objetivos e nos preencher.
A vida íntima do Deus trino, no entanto, é completamente diferente. A vida da Trindade não é caracterizada por auto-centralização, mas por um amor de auto-doação mútua. Isso cria uma dança, em que um gira em torno dos outros dois, derramando amor, prazer, e adoração neles. Os líderes primitivos da igreja grega tinham uma palavra para isso – perichoresis. Note nossa palavra “coreografia” dentro dela. Ela significa literalmente “dançar ou fluir ao redor”.
Se Deus não existe, então, tudo em e sobre nós é o produto de forças impessoais. Mas se Deus existe e Ele é trino, então, relacionamentos amorosos em comunidade são a grande fonte no centro da realidade. E a realidade suprema é uma comunidade de pessoas que conhecem e amam umas as outras. Esse é o propósito do universo, de Deus, da história, e da vida. Nada pode estar acima de relacionamentos humanos, ou então, estaremos acabando com a realidade, com a nossa própria natureza humana, com aquilo para o qual fomos criados.
Deus pede para que nós o glorifiquemos, porque ele deseja a nossa alegria. Ele tem infinita felicidade não através da auto-centralização, mas através da auto-doação, do amor centralizado no outro. E a única forma de nós, que temos sido criados a sua imagem, podermos ter a mesma alegria, é se nós centrarmos as nossas vidas completamente ao redor dele ao invés de nós mesmos.
Deus não nos criou para conseguir a alegria cósmica e infinita do amor mútuo e glorificação, mas para compartilhá-la. Nós fomos convidados para nos juntarmos a dança. Se nós centrarmos nossas vidas nele, servindo-o não por um interesse próprio, mas apenas por causa de quem ele é, por causa da sua beleza e glória, nós entraremos na dança e compartilharemos da alegria e do amor nos quais ele vive.

Baseado no livro de Tim Keller "The Reason for God".

sábado, 2 de maio de 2009

Metáforas da igreja

Cada uma das metáforas usadas para referir-se à igreja pode ajudar-nos a apreciar mais da riqueza do privilégio que Deus nos deu, tornando-nos parte do corpo da igreja.
O fato de a igreja ser como uma família deve aumentar o nosso amor e a nossa comunhão mútuos.
A idéia de que a igreja é como a noiva de Cristo deve incentivar-nos a lutar por mais pureza e santidade, e também para que cresça em nós o amor por Cristo e a submissão a ele.
A imagem da igreja como ramos de uma videira deve levar-nos a descansar nele inteiramente.
A idéia de uma colheita deve incentivar-nos a continuar a crescer na vida cristã e a obter tanto para nós como para os outros os nutrientes espirituais adequados para o crescimento.
A figura da igreja como novo templo de Deus deve aumentar a nossa consciência da presença de Deus, que está em nosso meio quando nos reunimos.
O conceito de igreja como sacerdócio deve ajudar-nos a ver mais claramente o prazer que Deus tem nos sacrifícios de louvor e nas dádivas que oferecemos a ele (veja Hebreus 13.15-16).
A metáfora da igreja como corpo de Cristo deve aumentar a nossa dependência mútua e a nossa apreciação da diversidade de dons no corpo.
Muitas outras aplicações poderiam ser tiradas dessas e de outras metáforas da igreja alistadas nas Escrituras.

Texto extraído da Teologia Sistemática de Wayne Grudem

sexta-feira, 17 de abril de 2009

"Nós somos um"

Hoje de manhã, na escola em que eu estava sendo fiscal de prova, observei na pulseira cor-de-rosa de uma das estudantes as seguintes palavras: “Nós somos...”. Não conseguindo ver o restante da citação, dirigi-me até ela e perguntei: “Nós somos o que?” Então, ela respondeu: “Nós somos um”.

Fiquei imaginando a complexidade e ao mesmo tempo a beleza daquela frase... De fato, ela reflete a intenção de Deus com relação à Sua igreja: “Nós somos um”. Apesar de haver diferenças, divergências e até mesmo atritos entre irmãos na fé, a verdade é que se estamos de fato em Cristo, somos um com Ele. Em Romanos 12.5 está escrito: “assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.”

Não há como estarmos em Cristo, e não estarmos no Corpo, do qual Ele é a cabeça. Surge desta reflexão, portanto, o que vem sendo alvo das minhas meditações nos últimos tempos: Apesar de todo partidarismo denominacional, politicagem e proselitismo “evangélico” que há no contexto eclesiástico, a igreja, a verdadeira igreja quero dizer, continua sendo Corpo, o Corpo de Cristo.

Se ao olharmos para a igreja que são as pessoas, e não o “prédio”, a “estrutura”, ou o “templo” sob o qual nos reunimos, desanimar-nos em face de um cenário que parece distante do ideal de Deus, lembremos que quem está em Cristo é “um” com Ele. Nada que façam ou deixem de fazer com a igreja, pode mudar esta realidade espiritual intransponível. Impressionante!

Lutemos, então, para que nós que já somos um, continuemos a andar conforme nós já somos de fato. Que de nós flua amor, gestos ternos, amizades sinceras, relacionamentos profundos e suporte incondicional. Como lemos em Efésios 4.3: “esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz”. Pois, independentemente das nossas diferenças e dificuldades, somos família, somos Corpo, “Nós somos um”.