Jesus, Teu sangue e justiça
São minha formosura, minha veste gloriosa.
A Luta por
Justiça
J. B.
Phillips traduz o verso 4 de Romanos 10 dizendo, “Cristo significa o fim da luta
pela justiça”, portanto à luz da versão autorizada temos: “Porque o fim da lei
é Cristo para a justiça de todo aquele que crê.” Há em todos nós uma luta para
ter e manter nossa própria justiça. É por isto que é tão difícil ocupar o lugar
de pecador.
Esta
luta é tão antiga quanto Adão e Eva, quando surpreendidos pelo pecado no Éden. Imediatamente
passaram a culpar um ao outro e finalmente a serpente. Ao mesmo tempo eles
fizeram roupas de folhas de figueira para eles mesmos, como para se esconder
dos olhos santos de Deus. No tempo do Novo Testamento a luta continuava, pois a
religião judaica era uma tentativa de alcançar a justiça através das obras.
Sobre os judeus de seu tempo, Paulo dizia que eles procuravam estabelecer a sua
própria justiça ao invés de se submeterem à que vem de Deus.
Somos
todos iguais. Você já observou as crianças construindo castelos de areia na
praia antes de vir uma onda? Rapidamente elas levantam os muros, amassando a
areia macia até que ela endureça, e reforçam com pauzinhos e pedras. Tudo isto
só para ver a onda levar. Então nós damos voltas para estabelecer nossas
defesas contra as ondas de crítica dos outros. Para alguns de nós a vida se
torna uma luta sem fim em busca de sermos o que já sabemos que não somos.
A Luta por
Perfeição
Uma
fase desta batalha pela própria justiça é a luta para atingir um padrão de
perfeição. Vimos como a medida de Deus requer um padrão perfeito, e o perigo é
que a vida possa se tornar uma prolongada tentativa de alcançá-lo. Nos tornamos
cristãos vivendo sob a lei ao invés da graça. Então em lugar de vivermos em
paz, somos atormentados. Às vezes nós mesmos estabelecemos o padrão imaginando
o tipo de cristão que deveríamos ser. Seguimos uma imagem idealista das nossas
mentes. É como se nós víssemos o homem que deveríamos ser, em um pedestal,
enquanto lutamos em vão, nos chamando para cima, ainda que ele não nos dê uma mão
para subir até lá.
Certamente
outras pessoas estabelecem padrões para nós também. Todo mundo pode nos dizer o
que deveríamos ser. Ouvimos sermões e lemos livros que falam sobre que tipo de
cristãos deveríamos ser, os quais, só nos fazem sentir culpados, se somos sensíveis,
ou satisfeitos, se não somos. As pessoas nos colocam em pedestais esperando
isto ou aquilo de nós, até que a vida se torne uma longa luta para ser o que os
outros exigem. Assim, vivemos debaixo da lei tentando manter padrões, enquanto
por trás de nós está a implacável lei de Deus que nunca nos deixa em paz; nunca
nos ergue.
Você é
um cristão que vive debaixo da lei? Vive sob contínua condenação porque sente que
deveria ser um crente melhor que ora mais, que faz mais, que dá mais? Você está
preso a um padrão moral. Você vive sob um jugo e uma carga, quando todo tempo
o que Jesus quer te dar é descanso.
A Luta para
Manter nossa Reputação
Um
outro aspecto desta luta por justiça é a nossa luta pela nossa reputação. Somos
todos cientes da nossa reputação. Alguns de nós somos conhecidos por ser:
piedosos, eficientes, líderes, pregadores, boas donas de casa, qualquer coisa.
Outros gostariam de ter uma reputação. Uma vez adquirida ou assumida, ela nos
persegue, nos intimida, nos esmigalha. Ser servo de reputação é pura escravidão,
é apenas uma forma de lutar pela nossa própria justiça. Não desejamos ser
conhecidos pelos fracassos.
A Luta pela
Aparência
A
luta pela justiça consequentemente se torna a luta pela aparência, o que
simplesmente significa que de alguma forma acabaremos sendo desonestos com nós
mesmos. Uma vez ouvi um homem falando às crianças sobre ovos. Três deles possuíam
rótulo. O primeiro estava velho e ele disse que não estava assim antes. O
segundo estava meio manchado, e ele falou que não era o que ele esperava. Mas o
terceiro estava podre, embora parecesse bom. Mas ele foi suficientemente
honesto para dizer que não era aquilo que parecia ser.
Não é
verdade que parecemos ser aquilo que não somos, como os judeus cuja luta por justiça
os levou a uma inesquecível hipocrisia? O problema com o sucesso é que nós ousamos
não ser falhos, pois se queremos manter nossa reputação não podemos admitir ignorância
ou pecado. Isto seria derrubar o castelo de areia antes da onda vir. É melhor lutar,
até esgotar o ponto, do que admitir nossas falhas o que significaria nos verem
como nós somos.
A
tragédia de tudo isto é a ideia de que alcançamos o favor de Deus se atingirmos
certos padrões. Isto é precisamente onde erramos. Romanos 10:5 nos mostra que “O
homem que pratica a justiça decorrente da lei, viverá por ela.” Isto é
teoricamente correto, mas impossível na prática. Se pudéssemos alcançar os padrões
de Deus, deveríamos ser abençoados. Mas não podemos, assim terminamos sendo
amaldiçoados. A mesma lei que foi planejada para nos dar vida, se torna meio de
morte, não porque haja algo errado em si mesma, mas porque nós pecadores somos
incapazes de cumpri-la.
Cristo é o
Fim da Luta
Que
alívio é quando vemos Cristo como o fim disto tudo. Ele é o fim da luta pela
justiça, pois não apenas cumpriu a lei por nós, mas foi maldito por nós também.
Ele não só atingiu nossa perfeição, mas pagou pela nossa imperfeição. Não há
mais pelo que lutar, pois Ele fez tudo por nós e Deus não nos pede nada, apenas
nosso arrependimento e fé.
Toda perfeição que Ele requer
É para sentir a sua necessidade Dele.
Como é
bonita a colocação de Joy Davidman: “A única forma de nos livrarmos do pecado, é
admitindo-o, pois sem honestidade e arrependimento, o perdão e a graça de
tornam impossíveis”. O crente não anda por aí sentindo culpa todo tempo. Pois o
pecado é uma carga que ele pode colocar de lado, confessando, se arrependendo e
sendo perdoado. Infeliz é a criatura que nega a existência do pecado, em geral
e em sua vida, pois continua a carregá-lo. O caminho para a liberdade consiste
na confissão honesta e no arrependimento, pois isto abre nossos corações para o
Consolador. Abrir nossas almas para a graça de Deus significa não somente que Ele
nos salva de sermos o que somos, mas nos transforma nas pessoas que deveríamos
ser.
Quão
fácil é! A única maneira de nos livrarmos do pecado, é admitindo-o! Por que
isto é tão difícil? Certamente porque significa abandonar nossa própria justiça,
que é exatamente o que não gostamos de fazer. Como podemos ter o perfeito manto
da justiça de Cristo se insistirmos em manter o nosso? É impossível. Jesus é a nossa
perfeita justiça. Quando vamos a Ele não precisamos de outra. A luta pela justiça
termina e Ele se torna nossa reputação e glória. Não precisamos temer a posição
de pecadores, pois quando a ocupamos, é para cessar nossas obras, parar de
tentar ser o que não somos e ao invés admitir o que somos. Neste ponto
aceitamos a justiça de Cristo, somos justificados diante de Deus e gozamos paz.
Esta é a benção básica de Deus, e o único caminho de paz e alegria.
Abandone o seu desânimo mortal
Aos pés de Jesus.
Permaneça Nele, Nele somente,
Gloriosamente completo.